Investimento em Crescimento (Peter Lynch)

Empresas ou setores em crescimento podem ser excelentes oportunidades de ganhar dinheiro na bolsa. Mas será que vale a pena?

Mobirise

Growth Investing é uma estratégia de investimento em empresas em crescimento, com foco na expectativa de valorização das ações em função do potencial crescimento da empresa ou do setor em que ela atua. Uma empresa em crescimento tende a gerar fluxos de caixa e lucros significativos, que crescem muito mais rápido do que a economia em geral.

Normalmente estas empresas são jovens ou pequenas, conhecidas como Small Caps, em setores em rápida expansão onde se espera que continuem em crescimento por um período de tempo. Além disso, essas empresas geralmente possuem alguma vantagem competitiva, que atua como um catalisador e justifica o crescimento exponencial do negócio no futuro.

No Growth Investing enfatiza-se as expectativas de ganhos futuros. Nesta estratégia de investimentos, ainda que as ações fossem negociadas acima do seu valor intrínseco, um crescimento significativo do setor ou  no desempenho da empresa faria com que suas ações se valorizassem ainda mais (exponencialmente), gerando lucros potencialmente maiores para os investidores. Desta forma, o preço negociado não seria tão importante para o investidor, o que justificaria pagar um preço mais alto pelas ações.

Não é apenas no preço que a estratégia de investimento em crescimento se difere do investimento em valor (ou do investimento em dividendos), mas também na exposição ao risco, no pagamento de dividendos e na capitalização dentre outros fatores.


Acho que esse é o melhor conselho de todos: pense constantemente sobre como você pode fazer as coisas melhor e questione a si mesmo.” (Elon Musk) 

As empresas em crescimento podem gerar um retorno exponencial, porém como contrapartida oferecem um risco maior caso as projeções ou expectativas de crescimento não se confirmem. Por não se importarem tanto com o preço das ações, os investidores correm o risco de ter comprado uma ação em seu pico e perder dinheiro com isso. Por isso é necessário fazer uma avaliação criteriosa das empresas que se pretende comprar considerando as vantagens competitivas e também as justificativas para expectativa de crescimento.

Uma das características das empresas em crescimento é a geração de caixa e lucro. No geral, as ações de empresas em crescimento (growth investing) pagam dividendos mais baixos do que as ações de empresas de valor (value investing) pois os lucros são reinvestidos no negócio para impulsionar o crescimento dos lucros. Desta forma, essas empresas normalmente pagam pouco ou nenhum dividendo aos acionistas, visando inovar com a criação de novos produtos ou tecnologias que as façam se diferenciar para expandir seu negócio.

Muitas das empresas de crescimento estão ligadas à tecnologia & inovação. O setor concentra várias empresas em crescimento, como a Google, Tesla e Amazon. Não é atoa que dentre os 5 homens mais ricos do mundo, quatro deles estão ligados à empresas de tecnologia (Elon Musk, Jeff Bezos, Bill Gates e Mark Zuckeberg). O setor de saúde também está relacionado às empresas em crescimento. Neste segmento as empresas estão constantemente desenvolvendo novos medicamentos, terapias, tratamentos e consequentemente desenvolvendo novas tecnologias.


“O mundo pertence aos otimistas. O pessimistas são meros espectadores.” (Dwight Eisenhower)

O principal foco do Growth Investing são os ganhos com a valorização das ações, não se preocupando com os dividendos ou com o preço das ações. A grande dificuldade nesta estratégia é identificar corretamente as empresas com esse potencial de crescimento exponencial.

Para ajudar nesse processo, a National Association of Investors Corporation (NAIC), uma organização norte-americana que desde 1951 se dedica a disseminar boas práticas relacionadas ao Growth Investing, desenvolveu recomendações para seleção destas empresas. As orientações são basicamente relacionadas ao crescimento da empresa, gestão de custos e gestão do lucro.

Primeiramente deve ser observado o crescimento da empresa nos últimos 5 ou 10 anos (preferencialmente). O crescimento anual recomendado pela NAIC varia de 5% a 12% dependendo o tamanho da empresa. Empresas menores (inferiores a $ 400 milhões) devem ter um crescimento anual de 12%. Empresas intermediárias, entre $ 400 milhões e $ 4 bilhões devem ter um crescimento anual de 7%. Empresas maiores (acima de $ 4 bilhões) devem ter um crescimento anual de 5%. Posteriormente deve-se avaliar as perspectivas de crescimento futuro, nos próximos 5 anos (de 10% a 15% ao ano, no mínimo). Por se tratar de expectativa, o crescimento de fato pode não se realizar.

Além do crescimento é preciso avaliar os lucros. Um crescimento (exponencial) nas vendas deve ser acompanhado de um crescimento similar nos lucros. O descompasso entre o crescimento da receita de vendas e dos lucros pode indicar uma má gestão nos custos e despesas.

Considerando que empresas de diferentes países ou setores tem regime de tributação diferenciados, deve-se observar a evolução do EBTIDA (sigla em inglês para "Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização"), assim como a evolução da margem de lucro e do ROE (sigla em inglês para o "Retorno sobre o Patrimônio Líquido"). Um ROE estável ou crescente indica eficiência na gestão na geração de retornos dos investimentos dos acionistas. Além de comparar os valores atuais com os valores de anos anteriores, é importante que se compare também com empresas concorrentes ou similares para avaliar a competitividade da companhia no setor.


Quando Henry Ford produziu carros baratos e confiáveis, as pessoas falaram ‘não, nós temos cavalos’. Ele fez uma grande aposta. E funcionou.” (Elon Musk) 

Outra contribuição vem de investidores e pesquisadores sobre o tema, como Peter Lynch e Philip Fisher.

Peter Lynch, autor de diversos livros sobre investimentos, foi gestor do Fidelity Magellan Fund, o maior fundo de ações do mundo. Ele adotava um modelo que mesclava empresas de crescimento e investimento em valor, chamado Growth At a Reasonable Price (GARP) que em tradução livre significa "crescimento até um preço razoável". Em outras palavras, os investidores deste modelo buscam empresas com crescimento consistente dos lucros acima dos níveis de mercado, porém com limite no preço das ações para reduzir os riscos de pagar muito caro por uma expectativa que pode não se realizar.

Muitas vezes compramos ações por indicação de analistas ou selecionados por critérios objetivos como indicadores financeiros e de mercado. Mas conhecer alguns detalhes qualitativos da empresa nos ajuda a tomar melhores decisões. Philip Fisher, autor do livro “Ações comuns, lucros extraordinários”, de 1958, defende o uso de um checklist para selecionar boas empresas de crescimento. Esse checklist aborda questões relacionadas à gestão e governança da empresa, gestão de vendas, esforços em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e gestão financeira.

É um consenso que empresas mais transparentes e com boa governança tendem a ser mais confiáveis para investir. A ausência de comunicação com investidores pode sugerir que algumas informações estejam sendo manipuladas ou omitidas, gerando insegurança. Por estes fatores é sempre importante procurar investir em empresas com maior nível de governança.

A cultura da empresa e a integridade de seus gestores também devem ser analisadas como forma de garantir maior transparência e segurança para os investidores. Casos recentes como a Operação Carne Fraca (envolvendo empresas como a BRF e JBS) e a Operação Eficiência (envolvendo Eike Batista e o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral) demonstram a importância deste tipo de análise. Outra questão importante é relativa à motivação e dedicação dos funcionários. Funcionários e colaboradores motivados tendem a ter desempenho melhor em suas funções, refletindo no resultado da empresa.

Para o growth investing um dos pilares fundamentais é o crescimento das vendas e dos lucros. Assim, ter produtos que possam gerar esse crescimento, por um longo período, é fundamental para o sucesso desta estratégia. Os produtos que garantem esse sucesso geralmente são inovadores e difíceis de serem copiados pela concorrência, permitindo um crescimento exponencial da empresa.

O setor de atuação da empresa também pode ser importante caso esteja aquecido em determinado momento (como o atual setor de saúde e biotecnologia aquecido pelo desenvolvimento de vacinas e novas tecnologias para atender as demandas do combate à Covid).


Sempre ofereça mais do que o esperado.” (Larry Page, co- fundador do Google)

Grande parte do sucesso de empresas de crescimento está na inovação ou diferenciação de seus produtos e serviços, reflexo principalmente de esforços em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). As empresas mais valiosas do mercado investem em P&D, como por exemplo Apple e outras empresas de tecnologia. Muitas delas não pagam dividendos, reinvestindo seus lucros no desenvolvimento de novas tecnologias. Para avaliar este indicador é importante acompanhar os relatórios anuais da empresa que podem indicar os projetos de expansão e como estão os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento.

As margens de lucro variam de empresa para empresa, sendo relativamente compatíveis dentro de um mesmo segmento. Por este motivo é importante avaliar a gestão financeira de empresas do mesmo segmento e tamanho, preferencialmente concorrentes. Além disso é importante avaliar a evolução dos custos e despesas na Demonstração do Resultado do Exercício ao longo dos anos e como isso reflete na competitividade da empresa.

Geralmente as empresas tentam enxugar custos e reduzir despesas par aumentar as margens de lucro, porém uma redução em despesas com P&D pode gerar lucro imediato porém deixar a empresa pouco competitiva no futuro. Empresas que redistribuem dividendos tendem a investir menos em inovação e diferenciação, o que pode ser um indicativo se a empresa tem perspectiva no curto ou no longo prazo.



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